O pastor Amândio Gomes Queiroga, 62 anos, guardava o rebanho com a ajuda do seu único filho, José Manuel, de 32 anos. Sem que nada o fizesse prever, o cunhado Alexandre, taxista de 69 anos, disparou três tiros de caçadeira.
Foi ontem, às 11h00, em Quintela, Valpaços, num terreno em frente às casas de ambos. Amândio teve morte imediata. O filho ainda foi transportado com vida ao Hospital de Vila Real, mas não resistiu aos ferimentos.
Depois de cometer o crime, Alexandre saiu calmamente do terreno e entregou a arma a uma vizinha. Seguiu depois de carro para o Centro de Saúde de Ferrugende, a escassos quilómetros do local, para uma consulta de rotina. Foi interceptado pela GNR quando media a tensão arterial e depois entregue à Polícia Judiciária, que formalizou a detenção. É hoje presente ao tribunal de instrução criminal, para ser interrogado.
Sem testemunhas do crime, os vizinhos e familiares apenas fazem conjunturas. Os desentendimentos entre ambos eram antigos, e muitos agoiravam uma desgraça. Há muito que não se entendiam, e a tensão era permanente. "As zangas entre eles já são antigas, e mais tarde ou mais cedo já se sabia que ia dar nisto", disse ao CM Maria Queiroga, irmã e tia das vítimas. Para Laurentina, outra irmã, só a ganância pode explicar o bárbaro homicídio.
"Eles não podiam ver nada um do outro. Se um comprava alguma coisa, o outro tinha de comprar logo melhor. Foi essa loucura pelo dinheiro que levou a esta desgraça", recordou Ana Lúcia, uma vizinha.
Outros testemunhos dão conta das mesmas desavenças permanentes. Amândio, também vizinho, diz que a aldeia temia este desfecho.
"Um lavrava e logo de seguida o outro passava. Eu sempre disse que isto ainda ia dar em desgraça", acrescenta Manuel, primo do homicida e do pastor, inconsolável com o que aconteceu.
fonte:CM