O Hospital de Valpaços, administrado pela Santa Casa, encerrou a 11 de janeiro por falta de acordo com a Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte e os cerca de 40 funcionários ficaram sem emprego.
Os manifestantes, que na última concentração se exaltaram e arrombaram os portões da Santa Casa, encontraram hoje os portões fechados a cadeado e um maior reforço policial.
Uma das funcionárias, Guilhermina Ribas, disse à Lusa estar cansada desta situação e desta incerteza porque "nada tem sido feito, e os trabalhadores continuam sem ser reintegrados".
Aliás, acrescentou, a situação está a tornar-se cada vez mais complicada: "estamos desde janeiro sem vencimento, pelo que muitos de nós tiveram de recorrer às suas famílias".
"Neste momento, estamos sem expetativas e não sabemos como vamos pagar as nossas despesas sem receber os salários em atraso", referiu outro funcionário, Vítor Teixeira.
Vítor disse ainda que os funcionários estão a "reclamar" o que é deles e o que ficou decidido em tribunal.
Na providência cautelar interposta pela Misericórdia para gerir o hospital, deferida a seu favor, lê-se que a entrega da gestão da Lusipaços à Santa Casa prevê a transferência dos "contratos celebrados com os seus trabalhadores (...) com vista a, de imediato, assegurar a continuação dos mesmos quadros como trabalhadores da requerente".
Segundo os funcionários, no dia 15 de março, em audiência de tribunal, ficou esclarecido que a Misericórdia teria "uma semana" para pagar o salário de janeiro e um mês para regularizar a situação dos trabalhadores.
O provedor da Santa Casa, Eugénio Morais, em declarações aos jornalistas frisou que não deu cumprimento à decisão do tribunal porque a Lusipaços, antiga administradora do hospital, entrou em insolvência.
"Legalmente não podemos movimentar o dinheiro porque tem que ser entregue à massa insolvente", disse, acrescentando que não pode readmitir os funcionários porque "o hospital está fechado por falta de acordo com a ARS Norte".
A ARS Norte afiançou, a 23 de fevereiro, que iria celebrar um novo acordo com a Misericórdia desde que "estivessem concluídas as obras necessárias".
A Lusa contactou a ARS Norte que referiu prestar declarações "mais tarde".
Os manifestantes dirigiram-se à Câmara de Valpaços para falar com o presidente que afirmou que "tudo o que era possível fazer já foi feito".
Posteriormente, queriam concentrar-se frente à residência do provedor para "obter" esclarecimentos, mas a GNR avisou que não era possível porque a manifestação só estava autorizada frente ao hospital.