Ânimos exaltados marcaram esta sexta-feira uma manifestação popular com 600 pessoas em frente ao hospital de Valpaços e resultaram em alguns vidros partidos e à intervenção da GNR.
Os populares manifestaram-se frente ao hospital, encerrado há um mês, para reivindicar à Misericórdia, gestora do espaço, a reabertura da unidade e a reintegração dos seus 40 funcionários.
O hospital de Valpaços, gerido pela Santa Casa, encerrou por falta de acordo com a ARS Norte e os cerca de 40 trabalhadores foram "obrigados" a gozar os 22 dias úteis correspondentes às férias a que teriam direito.
As férias terminaram quarta-feira e os trabalhadores estão sem receber o vencimento de Janeiro e na "incerteza" quanto à sua situação profissional.
O assessor de imprensa da ARS Norte, Antonino Leite, confirmou à agência Lusa que o protocolo entre a Santa Casa e a ARS Norte cessou, mas que "está a ser estudada a possibilidade de um novo acordo com a Misericórdia de Valpaços".
Maria Carolina Borges, residente em Valpaços, considera que "a manifestação devia ter sido feita logo aquando do encerramento do hospital".
Adiantando que, "agora, as pessoas vão ter de pagar para se deslocar a Chaves ou Mirandela e nem toda a gente tem essa possibilidade".
Os funcionários do Hospital de Valpaços fizeram circular, entre a população, um abaixo-assinado para exigir a reabertura da unidade hospitalar e a reintegração dos trabalhadores.
Uma das funcionárias, Ângela Moura, garantiu que pretendem ver esclarecida a "sua situação contratual porque, até agora, ninguém disse nada" aos trabalhadores.
O provedor da Misericórdia, Eugénio Morais, reafirmou à Lusa que "os trabalhadores são da Lusipaços e não da Santa Casa".
Se o hospital reabrir, disse, "funcionará apenas como bloco operatório e consultas especializadas e, por isso, não será necessário manter tantos funcionários".
Na providência cautelar entreposta pela Misericórdia para gerir o hospital, deferida a seu favor, lê-se que a entrega da gestão da Lusipaços à Santa Casa prevê a transferência dos "contratos celebrados com os seus trabalhadores [...] com vista a, de imediato, assegurar a continuação dos mesmos quadros como trabalhadores da requerente".
O presidente da câmara, Francisco Tavares, esteve na manifestação "solidário" com os funcionários e a população porque o hospital é "um bem essencial".
Para lutar pela reabertura do hospital de Valpaços, a população vai concentrar-se, novamente, frente à unidade hospitalar na segunda-feira, às 09h00.