Valpaços era o único concelho do distrito, à excepção de Vila Real e Chaves, que ainda tinha direito a Urgências 24 horas por dia. Deixou de ter.
O telefone toca, toca, mas ninguém atende no Hospital de Valpaços. Neste momento, a unidade hospitalar está “praticamente fechada” e apenas as valências de fisioterapia e meios complementares de diagnóstico estão disponíveis.
Depois de toda a polémica que preencheu várias páginas de jornais nas últimas semanas e meses, a população depara-se agora com a realidade: não há hospital, nem assistência médica durante a noite.
Como já tinha sido anunciado, a Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte terminou o protocolo entre as unidades sob a alçada de misericórdias e o SNS, (Serviço Nacional de Saúde), e os utentes deixaram de beneficiar do Serviço de Atendimento Permanente (SAP).
Esta questão parece ter ficado para segundo plano enquanto era definido quem ficaria a gerir o hospital. Na primeira semana de Janeiro, a gestão da unidade hospitalar valpacense, antes a cargo da Lusipaços, foi entregue, por ordem do tribunal, à Santa Casa da Misericórdia de Valpaços (SCMV). O acordo para a gestão do hospital entre a Misericórdia e a Lusipaços só deveria terminar em 2014. No entanto, a Santa Casa decidiu pôr fim ao contrato este ano, recorrendo à cláusula do contrato que o previa caso houvesse cessação do protocolo que a Misericórdia mantinha com a Administração Regional de Saúde do Norte (ARSN) e que o hospital pudesse tratar doentes do Sistema Nacional de Saúde. Contudo, depois de vários meses sem chegarem a acordo sobre a rescisão, a Misericórdia interpôs a providência cautelar, que foi deferida a seu favor.
Provedor acredita na reabertura com “outro rosto”
A Lusipaços, empresa que geria o hospital há dez anos, contestou, ao que conseguimos apurar, a decisão do tribunal em entregar a gestão do hospital à SCMV. Esta aguarda, agora, que possam ser celebrados novos acordos com a ARS Norte, a única forma de tornar a unidade viável. Enquanto isso, estão a ser levadas a cabo obras nas instalações, a fim de cumprir a legislação em vigor, conforme referiu ÀVoz de Chaves, Eugénio Morais, Provedor da SCMV: “estamos a fazer obras um pouco por todo o edifício, desde o pavimento à electrificação, no bloco operatório,etc. São obras que já deveriam ter sido feitas”.
Depois dos serviços “suspensos”, Eugénio Morais acredita que o Hospital de Valpaços vai reabrir com “outro rosto”. O responsável não aponta uma data, mas defende que à unidade hospitalar voltarão as consultas de especialidade, os internamentos, as cirurgias e outros serviços.
Cerca de 40 trabalhadores com férias forçadas
As mudanças na gerência afectaram não só a população, mas também cerca de quatro dezenas de trabalhadores que há mais de duas semanas se encontram de “férias forçadas”.
Segundo conseguimos saber, os trabalhadores não sabem o que esperar do futuro profissional no Hospital de Valpaços e apenas acordaram que gozariam os 22 dias úteis, que corresponderiam às férias que teriam direito.
Eugénio Morais não assume responsabilidade quanto aos trabalhadores, mas diz estar aberto a um acordo. “Os trabalhadores não são nossos, são da Lusipaços. Faz parte das intenções da Santa Casa integrar alguns, que nós conhecemos e sabemos que são bons profissionais, mas com novas condições, ou seja, fazendo novos contratos, com aquilo que achamos justo”, referiu.
Urgências já não voltam para Valpaços
As urgências, como se chama vulgarmente ao Serviço de Apoio Permanente não voltam a Valpaços. Depois de terminado o acordo com a ARS Norte, a solução passou por alargar o horário de funcionamento do Centro de Saúde. Desde o passado dia 15 passou a estar aberto aos sábados, domingos e feriados como forma de responder às necessidades da população. De segunda a sexta-feira, a unidade de saúde está aberta até às 20 horas e aos sábados, domingos e feriados, das 9h00 às 13h00, podendo este horário ser alargado se o número de ocorrências assim o justificar.
Esta era uma decisão, segundo conseguimos apurar, que já era aguardada pelas entidades responsáveis, pois não se justificaria, dado o número médio de ocorrências durante a noite ser reduzido.
Para qualquer ocorrência, os utentes terão de deslocar-se a unidades hospitalares mais próximas, nomeadamente Chaves, Mirandela ou Vila Real.
fonte: diário do Alto Tâmega e Barroso