Os deputados municipais mostraram-se preocupados com o Hospital de Valpaços |
O Hospital de Valpaços continua a dar que falar. A Misericórdia, acusada de estar a asfixiar financeiramente a unidade e de apoiar um sócio da empresa que gere o hospital para “bloquear” a gestão, promete esclarecimento em conferência de imprensa. O sócio em causa, Dario Martinez, reagiu, acusando outro sócio de estar a impedir uma auditoria às contas do hospital.
Em sede de Assembleia Municipal, vários deputados mostraram-se preocupados com a situação e apelaram ao entendimento.
O sócio da empresa que gere o Hospital de Valpaços, a Lusipaços, que reapareceu subitamente e apresentou uma providência cautelar que suspendeu a nomeação de Gaspar Borges, antigo presidente da Junta de Valpaços, para o cargo de gerente da firma (ver Semanário TRANSMONTANO da semana passada), garante que é “mentira” que o hospital possa vir a encerrar. A possibilidade foi admitida ao ST na edição da semana passada quer pelo director clínico, Afonso Videira, quer pelo sócio da Lusipaços, José Ignacio, que, além da sua quota, representa o terceiro sócio da firma. Um e outro admitiram que a Santa Casa da Misericórdia, proprietária do edifício e a entidade que detém o acordo com o Ministério da Saúde, e por isso, quem recebe as comparticipações do Estado pelos doentes do Sistema Nacional de Saúde, está a bloquear essas mesmas verbas, asfixiando financeiramente a empresa. “O que está a fazer (José Igancio) é a meter medo à população, a intoxicar”, afirma Dario Martinez, admitindo que há verbas congeladas, mas apenas no valor de “300 mil euros e não de 800mil”, como foi dito por José Ignacio.
Dario Martinez acusa também José Ignacio de “estar a impedir” uma auditoria às contas da empresa, que diz estar a tentar que seja aprovada desde 2005. “Eu quero saber o que se passa”, diz, garantindo que sabe que existem facturas de elevadas quantias que foram pagas a uma empresa de Jose Ignacio e que quer ver esclarecidas. Além disso, alega que quer ver clarificados contratos com determinadas empresas que fornecem o hospital, nomeadamente a empresa que fornece lentes intra-oculares e sangue. Também quer ver esclarecido o contrato de sub-arrendamento do hospital e uma clínica dentária.
Questionado sobre o facto de ter deixado de aparecer no Hospital desde 2001, altura em que cessou funções de gerente, justificou que “tinha outras empresas” e que “eram outros que estavam a receber quantidades industriais de dinheiro”. Dario Barros negou também “estar fugido à polícia”, até porque renovou ainda este mês a carta de condução. No entanto, segundo um documento da Guarda Civil de Ourense a que o ST teve acesso, em Julho, Dario Martinez encontrava-se em paradeiro desconhecido. A localização foi pedida por um tribunal que não o conseguia notificar.
Quanto à sua ligação à Santa Casa da Misericórdia, referiu que a instituição também quer ver esclarecida a situação. Quanto ao facto de ir ao hospital sempre acompanhado de funcionários da Misericórdia, justificou que é para lhe servirem de “testemunhas”. E quanto ao facto de estar alojado numa casa da instituição, garantiu que só ficou lá após se ter sentido indisposto. “Antes, estava em hotel”, garante.
Na sexta-feira da semana passada, o assunto chegou à Assembleia Municipal, onde vários deputados e o próprio presidente da Câmara manifestaram preocupação com o eventual encerramento do hospital na sequência desta guerra. Todos os intervenientes apelaram ao entendimento.
O advogado da Santa Casa, para quem o provedor remeteu qualquer esclarecimento sobre o assunto, António Telmo Moreira, disse ao Semanário TRANSMONTANO que a “guerra” não é entre a Misericórdia e a Lusipaços, mas entre os sócios. E prometeu mais esclarecimento para uma conferência de imprensa, a marcar.
Lapso
Por lapso, na semana passada, foi suprimido do texto sobre o hospital de Valpaços, o parágrafo onde se dava conta do facto de o Semanário TRANSMONTANO não ter conseguido obter uma reacção da Misericórdia. Contactado, na altura, o provedor da instituição, Eugénio Morais, remeteu esclarecimentos para o advogado da instituição. No entanto, até à data de fecho da edição, o Semanário TRANSMONTANO não consegui chegar à fala com o causídico.
Fonte: Semanário transmontano